Fora do seu alcance,
Não teve chance,
Nem de relance,
Menina que correu de seus olhos alarmados,
Menino que cedeu aos encantos desencantados,
Ninguém presta atenção,
Mas nos prendemos a um detalhe,
Na lógica cria um vão,
Fazendo com que a razão falhe.
À luz do sono os poemas ganham vida,
À luz dos sentimentos eles ganham fermento,
De tempos em tempos as palavras são esquecidas,
Levadas pelo impetuoso e impiedoso vento.
Na época em que tal pessoa,
Apreciava meu viver no papel,
Tudo soava e ainda soa,
Como na minha boca o mel,
Estranha sua ausência,
Incomum sua presença,
Um paradoxo sua carência,
Minha memória, minha doença.
Razões incomuns tão evidentes,
Conselhos errados tão decentes,
Fizeram-me duvidar se tudo é sonho,
Na qual a imaginação ponho,
E a mulher que ainda vejo,
Não vive romance,
Talvez um sutil desejo,
Que na alma lhe dance.
E sorte minha seria,
Vê-la nos meus braços,
E abraços e laços teria,
Ocupando todo meu espaço.
Quanto mais desejo menos realidade,
Isso é inversamente proporcional,
Quanto mais loucura menos sanidade,
Já é um pleonasmo bem igual.
O hoje é espelho,
Que reflete apenas o joelho,
Do corpo, da mente, da ligação,
O hoje é espelho,
Espelho do passado então,
Passado mal vivido e nostálgico,
Presente tranquilo trágico.
Voltar atrás não é opção,
Pra quem diz ser livre e tem livre coração,
Assemelha-te ao passado, por favor,
Presente, seja novamente meu amor,
Assemelha-te ao que eras,
Doces palavras e atitudes sinceras,
E futuro, se reserve o direito de permanecer calado,
Como sempre se mostrou,
Mas também seja como o passado,
Forjando quem hoje sou.
Mas também seja como o passado,
Forjando quem hoje sou.