29/11/2015

Tempo sem fim (fim sem tempo)

Modos, falsas expressões,
Vejo durante meus dias, inexperiente,
Os moços, moços sem dor,
Eles não sabem o que você sente.

Um, dois, três, quatro anos,
A vida inteira se preciso,
As lembranças me fazem danos,
Ainda assim arrancando um sorriso.

E quando volto pra lá, branco, pálido, sombrio,
Sua respiração ecoa, profunda, caída,
A chuva que forma o leito salgado de um rio,
São lágrimas doces de censura da vida.


14/10/2015

Fúnebre

Essa dor aqui no peito,
Esse desconforto,
Me preocupa por desconhecer o momento.

E se o último abraço
Não foi tão bom quanto deveria?
E se no último amasso
Eu fui menos do que podia?
Se na conversa com a mãe
Não fui clara o suficiente?
E se com o esforço do pai
Não me mostrei contente?

Meu peito dói e sufoca
Garganta parece encolher
Como fico eu sem você?

Só mais uma apaixonada,
Que não amou o bastante
A última namorada
Com coração cortante

Estive feliz esse tempo todo
Com família, amigos e amor
Por isso, na minha falta
Ignore a dor.

Essa noite parece efêmera,
Mas ao mesmo tempo sem fim
Dói mais do que o peito
Saber que sua dor vem de mim

Não coloquei para fora
As saudades que sinto
Nem joguei fora
As mágoas  que minto
Mas contente estive
Em te ter comigo
Boa noite, estrelas
Boa noite, inspiração
Espero que não tema
A vida sem canção

Vontade

Não via seu rosto,
Apenas sentia sua pele,
Não havia gosto,
Só a vontade me impele.

Seu toque me incendeia,
Seu olhar me deduz,
Só corre fogo na minha veia,
E em meus olhos apenas luz.

E por fim eu te olho, ofegante,
Tento poetizar o poético,
E ao tentar negar sentimentos,
Menos me torno cético.

08/10/2015

Belo Efeito

Os teus olhos captaram a luz das estrelas.
Onde mais eu poderia ser tão feliz,
A não ser nesses teus olhos?

Teus sorrisos captaram a pureza das flores,
Onde mais eu poderia ser tão completo,
A não ser nesses teus sorrisos?

Teus olhos, teus sorrisos,
Se combinam gerando belo efeito,
Intensos, precisos,
Definindo o que é perfeito.

29/09/2015

Metáfora

A cada dia que passa
Vou mais fundo
Mergulho mais um pouco
No novo mundo

Afasto-me da borda
Que garante o socorro
Esqueço que no equívoco 
Eu morro

E se me afogar?
E se nadar não for suficiente?
Saibam que saudades do que somos
Terei na minha mente



29/08/2015

risco

Ando perdida em meio às palavras
Não escrevo o que sinto
Só sinto o que escrevo
Frases sonhadas
Linhas trocadas
Sobre o eu que quer
Mas que pouco faz
Pois fazer é arriscar
E sempre arrisco demais

03/08/2015

Sim

Imaginei como seria um mundo sem você,
Imaginei sua ausência.
E depois de tanto tempo,
Não precisei mais imaginar,
Meus medos se tornaram reais.

11/05/2015

A necessidade do meu eu lírico
É de dor para poesia
Sofrimento embelezado pelo verso
De quem busca companhia
Pois meu eu sem ser poeta
Não é nunca bastante
Se perde no vazio
De quem vive sem amante

01/05/2015

Surreal

Sob meus orgulhosos pés,
Em vez de crescer, fiz o invés,
Desci degraus,
Pensamentos maus,
Me fizeram desistir,
Soube que ao vir,
Deixei cair,
Algo chamado coração.
Cansado demais pra voltar,
Imerso em desatenção,
Fui obrigado a retornar.
Olhei pra meu interior,
"Onde está o amor?",
Flagelado vazio perpétuo,
Antítese, não é inócuo,
Faz alusão à melancolia,
O ímpeto, aquieto-o,
Nada é real, nada o que toco,
Disso bem sabia,
Mas perdi o foco.

O surreal,
Transformou-se em rotineiro,
Anormal,
Ser costumeiro.
Tua vinda é sinestesia.
Som, aroma, luz, melodia,
Mas toda a sinergia,
Dos meus pensamentos falharam.
Alertaram,
Que não poderia entender,
Que sou um mentecapto,
Mas como posso perder,
Se a sofrer não estou apto?

Apenas dance

Levante, tome um banho,
Saia do seu ninho macio,
E respire vida.

Sentimento estranho,
Em um dia de frio,
Essa história repetida.

Pense nas músicas mortais,
Que são sua felicidade,
E tem ritmo alucinante.

Pra você tudo é demais,
Vamos sacudir essa cidade,
Nada é como antes.

Chegue, abra a porta,
Mas não se sente, querida,
Pode levantar.

E nessa noite meio torta,
Minha mão está estendida,
Então vamos dançar.

25/04/2015

Momentos que vão

A canção só dorme no peito,
De ser imperfeito,
Que anseia o silêncio.
Momentos que vão,
Que se tornam onda,
Silenciam a canção,
Matam o que ronda.

A felicidade sai sem sombra,
E no jarro que tomba,
Apenas cai amargura.
E como pomba,
Sem asa, moribunda,
Que ao cair em tontura,
Absorvendo censura,
É sombra profunda.

Sua amiga, a dor,
Silencia o amor,
Eles são imperfeitos, inversos,
A canção, os momentos,
A pomba sem ventos,
É pseudônimo dos versos.

20/04/2015

F

No princípio, silêncio
Só se ouvia coração
Mas com o tempo o riso veio
E fez da 18 proteção


E dentro dela
Cada ideia criou novos laços
Aos poucos demos outros passos
Dentro do que agora é rotina


Essa nova realidade
De gente, que como eu,
Tem pouca idade
Fez das horas mais belas


E nesse tic-tac, percebi
Que o meu "eu"
Agora
É "F-eu".

09/04/2015

Capitalismo

   Eu amo conhecer pessoas que usam a arte para expressar suas ideias. Já me surpreendi muito com isso em 2015.  Essa gente talentosa merece ser lida, justamente por isso, apresento a vocês um colega meu que acabei de conhecer o trabalho, mas que já considero "pacas". Segue a rima:

Capitalismo

A vida é uma ciência exata.
Pena que eu não enxergo com exatidão
Muitas mentes céticas me contaminam com essa visão
De falso poder, luxúria ou ostentação
Nunca se perceberam, vivência em mera ilusão
Pensando sempre no poder e o ter, se sacrificam, e continuam a crer
Mas só haverá mesmo entendimento depois do perecer
Busca eterna da verdade, na base da pseudo-realidade?
Seria loucura saber que é impossível nos olhos da humanidade.



                                               - Lucas Ferrari ( aka Shaolin )

06/04/2015

Culpa

Por favor, me desculpe
Pelas horas perdidas,
Por todos os olhares e versos
Que fiz sem ao menos ser tua amiga.

Perdão pelo desejo,
Pela curiosidade insistente
Em querer conhecer teu ser,
Em se fazer presente.

Desculpe o incômodo 
E todas as vezes que pedi desculpas,
Inclusive essa de agora
Que coloco em poesia

Essa poesia que, como eu,
Não é destemida o bastante
E pede perdão 
Muitas vezes sem razão.

02/04/2015

A ilusão é agridoce

-LUCAS, ENTRA NO CHAT AGORA!
-O QUE ACONTECEU?
-Nuns cinco minutos de inspiração fiz um texto, tem como adaptar pra um poema?
-Tem sim...

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Agridoce, ambígua ilusão, 
Proporciona seu teatro, conto de fada, princesa com ambição, 
Até que estoure a bolha de sabão, 
Vem à ruína o mundo de fachada.

Você observa as coisas lá fora, 
Anseia sair, explorar cada pedaço do mundo, 
Seu coração dói, quase chora, 
Mas você quer caminhar, até se cansar.

Nos seus devaneios, corre até de manhã, 
Dos melhores lugares, faz uma lista, 
Conhece Paris, Bangladesh, Amsterdã, 
E no final do dia volta à Paulista.

Prova uma nova comida, 
Aquela sensação forte, como se houvesse suspirado, 
Como se vivesse outra vida, 
Mas com o mesmo sorriso envergonhado.

Vê a água tocar os pés, a brisa tocar o rosto, 
Os cartões postais, milhões de selos, 
Escolhe as pedrinhas, a areia não faz mais seu gosto, 
Deixa o vento dançar pelos seus longos cabelos.

“Peguei as nuvens com meus dedos, 
Acariciei uma estrela, a noite foi inofensiva, 
Dormi leve, me esqueci dos meus medos, 
Quis tudo isso, e me senti viva”.
  
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-E ai, o que achou, Jasmin?
-Digno do seu blog.

Poema inspirado e formatado por Julia Tres.

19/03/2015

Onde quer que você vá

Se encontra-se em bares,
Lá estarei.
Se está longe de lares,
Contigo caminharei.
Não te quero na solidão
Sua presença é comigo
Venha para a mansidão do meu abraço,
Faça de mim mais que  um amigo.

14/03/2015

Apelido

Meu nome
No teu verbo
É pequeno
É leão
Não representa zelo
Nem vira canção
Pois o dono da palavra
Não é poeta,
Não tem coração.

19/01/2015

Apanhador de memórias

Quando penso no tempo enorme,
Que consome cada gota de mim,
Espero que em você não se forme,
O início de um breve fim.
Penso em como as pessoas se cruzam,
E como podem prever as ações,
De como se amam se usam,
Mas se esquecem por diversas razões.

As vezes o tempo parecia um segundo,
Tão passageiro, tão intenso, tão só,
Outras horas era um congelado mundo,
Bonito, intenso, mas pó.

O vento bateu e levou embora os dias,
Me lembro de contar as semanas após,
Não me vi envolver em boas companhias,
Falava somente e comigo mesmo, a sós.

Lembro de quando, pelas madrugadas,
Dizia coisas tolas pra você sorrir,
Me lembro das horas de sono sagradas,
Que mesmo sem querer deixei de dormir.

As vezes me olho no espelho e reclamo,
Há tanto disso, por todos os lugares,
Não há razão, mas teu nome chamo,
Meus apelos e dúvidas se vão pelos ares.

Olho pra frente, procuro aquela luzinha,
Aquela que tanto dizem haver,
Mas é tão estanho não te ver sozinha,
A distância mais me faz te querer.
Sonhos frequentes, negar seria errado,
Talvez eu não seja o cara que parecia,
Mas parece que você superou o passado,
Livre, leve e solta, que ironia.

Talvez tenha que tomar alguma coragem,
Por míseros segundos, instantes,
Dizer que não queria estar de passagem,
Queria que tudo fosse como antes.

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O que é o poeta sem inspiração? Talvez um apanhador de memórias.

16/01/2015

Carta aberta sobre a semana

Um texto meu que foge da proposta do blog, mas que mostra minha indignação com determinada situação:


É inacreditável como um corte de cabelo consegue causar tanto alvoroço em uma semana de uso:  você não só precisa aprender a lidar com o novo comprimento como também precisa aprender a lidar com as pessoas. O que percebi foi a facilidade que o ser humano tem em julgar os outros por suas próprias escolhas.
 Estamos no século XXI, a era da informação e da diversidade, e mesmo assim ainda tem gente que fica "em choque" ao encontrar mulheres com o cabelo curto como o meu. Gente que tem a mesma visão que se tinha no início dos anos 20, quando o cabelo curto foi incorporado por mulheres, de que não se passa de um 'atentado aos bons costumes'. Foram pessoas assim, com isto em mente, que se sentiram em liberdade para julgar minha opção sexual pelo meu corte de cabelo. Mais irônico do que isso é que quem começou foi uma mulher.
 Eu não condeno ninguém por se expressar, a liberdade de expressão é uma dádiva, o grande problema é quando ela passa a ser usada no pejorativo, para insultar as pessoas. Não disse em momento algum que vejo problema em ser homossexual, muito pelo contrário, não cabe a mim julgar a opção sexual do outro. Mas o que realmente me incomodou foi ver pessoas que conviviam comigo diariamente apresentarem uma enorme tendência à homofobia.
 A minha orientação sexual, julgada erroneamente pelo meu cabelo, não interfere em nenhuma vida sem ser na minha. Então peço, com toda educação, que parem de achar que sabem mais dos outros do que eles mesmo.
 Qualquer tipo de preconceito merece tolerância zero, não é a toa que isso crime. Fica a dica pra você que depois de falar diz que "foi só brincadeira".