19/06/2014

Assemelha-te ao que eras

Ah, que lindo romance,
Fora do seu alcance,
Não teve chance,
Nem de relance,
Menina que correu de seus olhos alarmados,
Menino que cedeu aos encantos desencantados,
Ninguém presta atenção,
Mas nos prendemos a um detalhe,
Na lógica cria um vão,
Fazendo com que a razão falhe.
À luz do sono os poemas ganham vida,
À luz dos sentimentos eles ganham fermento,
De tempos em tempos as palavras são esquecidas,
Levadas pelo impetuoso e impiedoso vento.

Na época em que tal pessoa,
Apreciava meu viver no papel,
Tudo soava e ainda soa,
Como na minha boca o mel,
Estranha sua ausência,
Incomum sua presença,
Um paradoxo sua carência,
Minha memória, minha doença.
Razões incomuns tão evidentes,
Conselhos errados tão decentes,
Fizeram-me duvidar se tudo é sonho,
Na qual a imaginação ponho,
E a mulher que ainda vejo,
Não vive romance,
Talvez um sutil desejo,
Que na alma lhe dance.

E sorte minha seria,
Vê-la nos meus braços,
E abraços e laços teria,
Ocupando todo meu espaço.
Quanto mais desejo menos realidade,
Isso é inversamente proporcional,
Quanto mais loucura menos sanidade,
Já é um pleonasmo bem igual.
O hoje é espelho,
Que reflete apenas o joelho,
Do corpo, da mente, da ligação,
O hoje é espelho,
Espelho do passado então,
Passado mal vivido e nostálgico,
Presente tranquilo trágico.

Voltar atrás não é opção,
Pra quem diz ser livre e tem livre coração,
Assemelha-te ao passado, por favor,
Presente, seja novamente meu amor,
Assemelha-te ao que eras,
Doces palavras e atitudes sinceras,
E futuro, se reserve o direito de permanecer calado,
Como sempre se mostrou,
Mas também seja como o passado,
Forjando quem hoje sou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário